POR DENTRO DOS SENTIDOS

                                                             Por que ouvimos o som ?

 

  Nosso corpo é constituído por diversas terminações nervosas, que detectam os estímulos do ambiente, ou do interior do nosso organismo e enviam para o sistema nervoso. Por exemplo, quando você utiliza seu celular para mandar uma mensagem para alguém, é um processo parecido com a transmissão de um estímulo. Porém, nesse caso o celular da pessoa que recebeu o sms faz o papel das terminações nervosas, pois captou o ‘’recado’’ que você enviou, e essa informação é como o estímulo que nosso sistema nervoso recebe.

  O corpo humano apresenta cinco sentidos, que são capacidades que lhe possibilitam interagir com o mundo exterior, isto é, se comunicar com as pessoas, perceber as cores refletidas por objetos pela luminosidade, efeitos de temperatura e fenômenos climáticos, assim como distinguir cheiros e sabores agradáveis ou não. Através de determinados órgãos do corpo humano, são enviadas ao cérebro as sensações, utilizando uma rede de neurônios que fazem parte do sistema nervoso [Para saber mais sobre o sistema nervoso acesse aqui].

  Esses cinco sentidos são: audição; olfato; paladar; tato e visão.  Especificamente, a audição é uma dessas capacidades que permite nossa interação com o mundo sonoro que nos rodeia. O órgão principal envolvido na audição é o ouvido, este é composto em três partes: Ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno [o vídeo 1 ilustra a estrutura do ouvido humano].

 

 

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

       

 

 

 

 

  O ouvido externo é constituído pelo pavilhão auditivo e pelo canal auditivo. O pavilhão auditivo é composto de cartilagem¹ e tem função de captar as ondas sonoras por meio de reflexão, as quais ocorrem devido o formato do pavilhão auditivo [figura 1]. Para que essas se concentrem no canal auditivo. Esse canal tem aproximadamente 2,5 cm é onde há pelos e formação de cera que protegem nosso ouvido do meio externo, ainda, é no canal auditivo que as ondas sonoras se concentram e são levadas até o tímpano, uma membrana que compõe o ouvido médio e tem função de manter a pressão do interior do ouvido [Vídeo 2] igual a pressão externa, ou seja, a pressão atmosférica, para evitar certos desconfortos.

 

 

 

 

 

 

 

       

 

 

   

 

 

  A pressão é a razão entre a força e a área sobre a qual ela está distribuída (P= F/A), e ainda, quanto menor a área maior a pressão, e quanto maior a área menor a pressão. Área é pressão, portanto, são inversamente proporcionais. A pressão atmosférica é o resultado do peso do ar que está acima do corpo. Como é explicado na figura 2 abaixo:

 

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

       

 

  Você já deve ter ouvido alguém falar em ‘’pressão de 1 atm’’, mas o que isso significa? Que a pressão atmosférica naquele local, ou altura é de 1 atm exatamente isso... Prestou atenção na palavra local e altura? Isso quer dizer que a pressão sofre variação conforme ocorra variação na altura.

  O ouvido médio tem início na membrana timpânica, e se estende até os ossículos: martelo, bigorna e o estribo [assista o vídeo 2 para mais detalhes]. Esses transmitem as vibrações sonoras para a janela oval, uma membrana localizada no ouvido interno. A orelha interna atua em ligação com a faringe mantendo a membrana timpânica cheia de ar.

  O tímpano funciona como um tambor, é uma membrana elástica que entra em vibração quando uma onda sonora o atinge, essas vibrações são transmitidas posteriormente aos ossículos, que dão continuidade ao processo auditivo.

  O ouvido interno é uma cavidade cheia de líquido, além de possuir terminações nervosas. As estruturas do ouvido interno são: a janela oval, o utrículo, os canais semicirculares ou labirinto e a cóclea, que tem o formato de caracol, que lembra os caramujos de jardins [figura 3].

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  A cóclea é dividida pela membrana basilar e preenchida por líquidos, como a endolinfa. As ondas sonoras se propagando no líquido, causam a vibração da membrana basilar e do órgão de Corti, que transforma os sinais sonoros em sinais elétricos e são transmitidos ao nervo auditivo, e levados ao cérebro, onde o som é interpretado. Já os componentes do labirinto não atuam na audição, mas na manutenção do equilíbrio do corpo. 

  Na membrana basilar encontram-se as células auditivas, como o órgão de Corti. Dessa estrutura saem ramificações nervosas, as quais levam o som transformado em sinal elétrico até o cérebro. A membrana basilar atua filtrando os diferentes sons, e analisando suas frequências. Por isso conseguimos diferenciar um som de outro, sabemos reconhecer o som da voz de alguém, quando uma ambulância está passando no local, ou até mesmo o barulho de fogos de artifício.  

  Com o sentido da audição somos capazes de ouvir. Mas ouvir o que? Você deve estar pensando e irá responder que ouvimos o som, é claro. Porém, o que é o som? Podemos dizer que o som é o resultado das vibrações dos corpos materiais que se propagam no espaço, ou meio em que estamos. Um exemplo simples é quando você fala as partículas se propagam no meio em que estamos essa vibração é transmitida sucessivamente, em forma de onda [figura 4 ou o vídeo 2]. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  Essa vibração é denominada onda. Mas o que é uma onda? Você deve estar lembrando-se da onda do mar, certo? Entretanto, nem toda onda é a mesma que ocorre no mar. Então de que onda estamos falando? 

  A onda é constituída de vibração ou oscilação, movimentos bamboleantes no decorrer do tempo. O som, a luz, são exemplos de ondas, porém os dois se diferem pela natureza da onda. A luz é uma onda eletromagnética, não necessita de um meio material para se propagar. As ondas eletromagnéticas atuam no sentido da visão, pois o que enxergamos é uma pequena faixa visível do espectro eletromagnético [figura 5]. Já o som é uma onda mecânica, e para se propagar, é necessário haver um meio material, seja ele, sólido, líquido ou gasoso. Além do mais a onda não transporta matéria, apenas energia. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  Até agora discutimos o que são ondas e quais os tipos de ondas que existem, porém o que não discutimos foi o modo como essas ondas chegam até nós. As ondas nos ‘’atingem’’ graças aos movimentos ondulatórios, que podem ser percebidos quando sacudimos uma corda para cima e para baixo, a corda se movimenta para cima e para baixo, e a pertubação, ou seja, o movimento que mudou o estado inicial da corda continua percorrendo-a. Outro exemplo prático é o telefone com fio, quando você fala, o som provoca a vibração do fio, e essa oscilação percorre todo o fio, nesse momento são ondas mecânicas que interagem com o fio, mas no percurso pelo fio, quem ‘’entra em cena’’ são ondas eletromagnéticas. As ondas longitudinais foram convertidas em transversais, mas quando chega à outra ponta do ouvinte, novamente é transformada em longitudinal, e essa oscilação percorre todo o fio Assim a pessoa que está no outro lado consegue ouvir. 

  Essas ondas chegam ao ouvido externo de maneira direta ou por meio de reflexões. Como assim reflexões? O ouvido externo atua como um obstáculo, assim a onda sonora atinge o ouvido, retorna ao meio em que se propagou e também segue ao canal auditivo, atingindo posteriormente a orelha média. 

  As ondas também são classificadas em ondas longitudinais e ondas transversais. As ondas longitudinais são aquelas em que o movimento do meio ocorre na direção de propagação da onda. Essa onde atua alterando a densidade do meio, como pode ser observada na figura 2, exemplos têm-se o som. Já as ondas transversais assumem movimentos de propagação em direções diferentes do movimento do meio.   

  Ao se propagar no ar o som cria zonas de compressão e rarefação. Como assim? Imagine uma sala em que em uma extremidade, tem-se uma janela aberta com uma cortina, na outra há uma porta fechada. Quando você abre porta [figura 6(a)] as moléculas de ar são empurradas em direção à cortina, empurrando a mesma para fora da janela. Nessa situação ocorre a compressão do ar, as moléculas ficam mais aglomeradas. Quando você fecha a porta [figura 6(b)] ocorre um processo ao contrário. É como se você estivesse puxando as moléculas em direção à porta, fazendo com que o ar perto da cortina torne-se rarefeito, nessa situação a cortina é puxada para dentro da sala e as moléculas do ar ficam mais espalhada

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  Então sabemos que ouvimos o som, e este som é uma onda mecânica, sendo assim precisa de um meio para se propagar, pois é uma onda longitudinal e interage com a matéria ao seu redor no momento da propagação. 

  Quando alguém fala, as moléculas do meio entram em vibração, e essa propagação vai sendo transmitida de uma molécula a outra, sucessivamente, até chegar ao nosso pavilhão auditivo. Mas não para por aqui... No canal auditivo essa onda sofre reflexões [figura 7] (‘’vai e volta’’) até se concentrar no canal auditivo e interagir com o tímpano, a membrana protetora do ouvido. Em seguida, a vibração é transmitida aos três ossículos da orelha média e depois encaminhada à cóclea, estrutura preenchida por líquido, situada na orelha interna. Esse líquido entra em vibração e estimula o nervo auditivo, assim a informação do som da voz de alguém é encaminhada e interpretada no cérebro.